Blog protegido: Art. 5º, X da CF/88 - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

E para os dois abrirem-se para o mundo

"Algumas pessoas mantêm relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa; à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado. Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso. Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo. Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa. Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair. Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois."

Drauzio Varela.

domingo, 26 de junho de 2011

Não façamos do amor algo desonesto

Quando não há compaixão
Ou mesmo um gesto de ajuda
O que pensar da vida
E daqueles que sabemos que amamos ?

Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria

Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro


Corri pro esconderijo
Olhei pela janela
O sol é um só
Mas quem sabe são duas manhãs

Não precisa vir
Se não for pra ficar

Pelo menos uma noite
E três semanas

Nada é fácil
Nada é certo
Não façamos do amor
Algo desonesto


Quero ser prudente
E sempre ser correto
Quero ser constante
E sempre tentar ser sincero

E queremos fugir
Mas ficamos sempre sem saber

Seu olhar
Não conta mais histórias
Não brota o fruto e nem a flor
E nem o céu é belo e prateado
E o que eu era eu não sou mais
E não tenho nada pra lembrar

Triste coisa é querer bem
A quem não sabe perdoar
Acho que sempre lhe amarei
Só que não lhe quero mais


Não é desejo, nem é saudade
Sinceramente, nem é verdade


Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender

Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender

Composição: Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá

L'Avventura-Legião Urbana

sábado, 25 de junho de 2011

Tic tacs



Pensar que os reencontros aliviarão a dor não dá exatidão. Eles podem simplesmente ser meros reencontros: de aperto de mão, abraço e um simples “oi tudo bem?”. Mas de conversas íntimas pra acertar todos os pontos do relógio, não, nem sempre. Os clicks, tic tacs e tudo mais que causam a ânsia de acertar todos esses ponteiros do relógio da vida confundem: devemos falar mesmo, e tentar concertá-los, ou devemos deixa-los ali, mesmo sabendo que estão desmantelados e que esses desmantelos nos afligem muito?

Eis que me encontro entre o passo de permanecer calada, e o de esperar: se encontrar, num desses encontros casuais, sem marcas e horário certo, eu falo? Eu falo tudo o que me vier pela cabeça e goela? Digo que não está certo e que precisa ser de tal forma a tudo ficar bem e eu me sentir feliz? Ou se não encontrar: o que faço? Espero, espero, enquanto esses tic tacs ensurdecedores atrapalham todas as minhas convicções de berço e até a minha esperança? E existe tempo certo? Qual é esse tempo, será que tenho mesmo que esperar? Na minha mente não consta nada em relação a futuros adiados, e quando o assunto remete a algo do coração, nunca fui de deixar o que posso, e nesse caso, PRECISO fazer hoje, para fazer amanhã. Odeio joguinhos, se eu quero ligar, vou lá e ligo. Se quero dizer ”preciso de você”, também, e com maior intensidade. Desde que me deem oportunidades, a vida eu transformo ao meu compasso. Não deixo fugir nenhuma vontade de minha mão.

Sobre o controle da situação quero sempre estar, não que seja descabido de dar-te o teu espaço: dou-o, fique a vontade, fale o que quiser, expresse-se quanto tempo for necessário, mas, por favor, me diga tudo, com a sinceridade mais pura que você já teve, me garanta que dá certo ou que não, de forma alguma, dará. E eu recuo, a gente se afasta. E à medida que o tic tac bater, talvez eu esqueça. Outro perigo. E se eu esquecer, tenho um pedido, por favor, não volte!

Mas aí, você volta, tem que voltar, afinal, a vida é feita de montanhas russas e o relógio é redondo, em ciclos... E então, nessa de acertar os ponteiros do relógio, eu tenho uma alternativa além de concertá-los: quebrar. Parar de construir fantasias! Então eu me pergunto: sou mesmo capaz de fazer isso? E logo caio na minha triste realidade de sonhos confortáveis e de amores possíveis: não, não o sou. Não sou capaz de demolir essas fantasias que me outrora fazem tão bem, embora me confundam. A conclusão é a seguinte: mesmo que a gente saiba que tem que parar aquilo, quando em algum momento nos fizer bem, a gente não para, a gente não deixará por nada parar essa coisa que sentimos ou que “bem dizemos” sentimentos! Só deixaremos os ponteiros do relógio oscilarem. Surge então um cuidado: eles podem oscilar tanto, que podem chegar a pifar! Quando chega aí, com a ausência a gente tem que se acostumar! E aí é que tá!

Karoline Alves
P.s: Escrito em 24/06/11

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Anda, sai do marasmo, viveeeeeeeeeeee!



"...Falo de viver.

Parar, olhar, escutar - dizia um aviso nos trilhos do trem entre minha cidade e Porto Alegre. A gente passava de carro sobre o trilho, e eu imaginava o horror de alguém infringir isso e ser explodido pelo monstro de ferro e fumaça.

A vida há de rolar por cima da gente, reduzindo a poeirinha inútil quem se esquecer de às vezes parar pra pensar... mas sem se desmontar; olhar em torno ou para dentro: paisagens belas, ou áridas ( sempre dá pra plantar um capim) ou quem sabe coloridas ( a alma pode brincar de esconde-esconde entre as folhas).

E escutar: a música do universo, o canto do sabiá ( que tem começado às três da madrugada fria, atarantado neste clima estranho); a risada da criança no andar de cima; enfim, o chamado da vida que nos convoca de mil formas: anda, sai do marasmo, viveeeeeeeeeeee!!

Que nossas agendas ( também as interiores) nos permitam muitas vezes a plenitude do nada sorvido como um gole de champanha, celebrando tudo.

Sem culpa."

Lya Luft.

EU PRECISO DIZER MAIS ALGUMA COISA ? kkkk

terça-feira, 21 de junho de 2011

AMAR É PUNK



"Eu já passei da idade de ter um tipo físico de homem ideal para eu me relacionar. Antes, só se fosse estranho (bem estranho). Tivesse um figurino perturbado. Gostasse de rock mais que tudo. Tivesse no mínimo um piercing (e uma tatuagem gigante). Soubesse tocar algum instrumento. E usasse All Star. Uma coisa meio Dave Grohl. Hoje em dia eu continuo insistindo no quesito All Star e rock'n roll, mas confesso que muita coisa mudou. É, pessoal, não tem jeito. Relacionamento a gente constrói. Dia após dia. Dosando paciência, silêncios e longas conversas.

Engraçado que quando a gente pára de acreditar em "amor da vida", um amor pra vida da gente aparece. Sem o glamour da alma gêmea. Sem as promessas de ser pra sempre. Sem borboletas no estômago. Sem noites de insônia. É uma coisa simples do tipo: você conhece o cara. Começa, aos poucos, a admirá-lo. A achá-lo FODA. E, quando vê, você tá fazendo coraçãozinho com a mão igual uma pangaré. (E escrevendo textos no blog para que ele entenda uma coisa: dessa vez, meu caro, é diferente). Adeus expectativas irreais, adeus sonhos de adolescente. Ele vai esquecer todo mês o aniversário de namoro, mas vai se lembrar sempre que você gosta do seu pão-de-sal bem branco (e com muito queijo). Ele não vai fazer declarações românticas e jantares à luz de vela, mas vai saber que você está de TPM no primeiro "oi", te perdoando docemente de qualquer frase dita com mais rispidez.

Ah, gente, sei lá. Descobri que gosto mesmo é do tal amor. DA PAIXÃO, NÃO. Depois de anos escrevendo sobre querer alguém que me tire o chão, que me roube o ar, venho humildemente me retificar. EU QUERO ALGUÉM QUE DIVIDA O CHÃO COMIGO. QUERO ALGUÉM QUE ME TRAGA FÔLEGO. Entenderam? Quero dormir abraçada sem susto. Quero acordar e ver que (aconteça o que acontecer), tudo vai estar em seu lugar. Sem ansiedades. Sem montanhas-russas. Antes eu achava que, se não tivesse paixão, eu iria parar de escrever, minha inspiração iria acabar e meus futuros livros iriam pra seção B da auto-ajuda, com um monte de margaridinhas na capa. Mas, caramba! Descobri que não é nada disso. Não existe nada mais contestador do que amar uma pessoa só. Amar é ser rebelde. É atravessar o escuro. É, no meu caso, mudar o conceito de tudo o que já pensei que pudesse ser amor. Não, antes era paixão. Antes era imaturidade. Antes era uma procura por mim mesma que não tinha acontecido.

Sei que já falei muito sobre amor, acho que é o grande tema da vida da gente. Mas amor não é só poesia e refrões. Amor é reconstrução. É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios. Demorei anos pra concordar com meu querido (e sempre citado) Cazuza: "eu quero um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida". Antes, ao ouvir essa música, eu sempre pensava (e não dizia): porra, que tédio! Ah, Cazuza... Ele sempre soube. Paixão é para os fracos. Mas amar - ah, o amor! - AMAR É PUNK."

Fernanda Mello.

Amei o texto!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ama as tuas rosas

"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.


Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam
."

Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dia Branco


Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...
Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...
Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto
Esse canto de amor
Oh! oh! oh...
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo
Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...
Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...
E nesse dia branco
Se branco ele for
Esse canto
Esse tão grande amor
Grande amor...
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo
Comigo, comigo.

Composição : Geraldo Azevedo/ Renato Rocha

terça-feira, 14 de junho de 2011

Bem breve

Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos.

Se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida.
Oscar Wilde

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e fazer feliz por inteiro. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Carlos Drumond de Andrade

Como podemos nos entender (...), se nas palavras que digo coloco o sentido e o valor das coisas como se encontram dentro de mim; enquanto quem as escuta inevitavelmente as assume com o sentido e o valor que têm para si, do mundo que tem dentro de si?
Luigi Pirandello

A fé não é algo para se entender, é um estado para se transformar.
Mahatma Gandhi

Quem quer matar a sede não procura entender a fórmula da água.
Fernado E. Tavares

E não dou um tostão por eles todos. A você eu amo. Raramente me engano.

Eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas.

De repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-lo. Então, desculpa não insistirei mais.

Entenda bem: Não me veja tentando reatar uma história de amor já bastante espatifada.
A realidade é um bêbado jogado no chão, até que alguém bata na minha porta e prove o contrário.

Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá.

Mais um enigma, suspirei exausto, bem-aventurados os doidos de pedra.

Só vou perguntar por que você se foi, se sabia que haveria uma distância.

Como uma coisa que só por ser sentida e formulada se completa e se cumpre?

Atravessamos agostos que parecem eternos e, nos setembros, suspiramos quase leves outra vez: “Meu Deus, passou”.
Vontade de ter um pensamento bem profundo, desses que fazem a gente se surpreender que tenham saído da nossa cabeça mesmo.

Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.

Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele.
Olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer que não a que são, e viver outra vida que não a que vivem.Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso.

Para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro.

Hoje eu queria alguém que me dissesse que eu não precisava me preocupar.

Meu filho, os caminhos estão muito mais abertos do que você imagina.

Parece dificil de enxergar que insistir nisso é perda de tempo, é perda de vida em uma causa perdida.
Aos caminhos, entrego o nosso encontro. E se tiver que ser, como tem que ser, do jeito que tiver que ser, a gente volta um dia.
Caio Fernando Abreu

Homenagem

Não digas nada!

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -

Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.


Fernando Pessoa
Pois é, ontem foi o 123º aniversáriio desse épico poeta português. Achei esse poema belo e resolvi postar aqui,pra que fique em HOMENAGEM AOS 123 ANOS DE FERNANDO PESSOA |
Bjoos^^

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Com honestidade

De vez em quando, a água, por natureza cristalina, de lindas praias existentes na região dos afetos fica turva por detritos emocionais acumulados, nossos e alheios. Às vezes, é possível percebê-los e até identificá-los na superfície. Outras, não. Só o que dá pra perceber é a transparência prejudicada. O desconforto que nem mesmo a massagem das ondas consegue desmanchar. A espontaneidade que desaprendeu a fluir. Um aperto meio doído na garganta dos instantes compartilhados.

Os tais detritos, entre outras coisas, podem ser resíduos de achismos traiçoeiros, olhares estreitados, tristezas arqueológicas, cacos de carências, bobagens fermentadas, perdões mal costurados, medos cabíveis e outros que não cabem. Podem ser também resíduos de coisas inimagináveis, criadas durante trechos de silêncio ruidoso pela falta daquele raro diálogo que não se restringe ao andar da cabeça. Aquele que tem espaço para começar no coração. Aquele que é lugar onde ninguém precisa se defender de ninguém para oferecer proteção a si mesmo. Aquele que quando não acontece às vezes se transforma em dois monólogos esquisitíssimos, feitos de equívocos e sentimentos embolados pelas mãos da confusão.

A verdade é que, embora quiséssemos, não encontramos uns com os outros ao longo da extensa orla da existência só para compartilhar banhos aprazíveis em mar de águas claras, clima ameno, riso farto, coco gelado ou uma cerveja boa. A ideia é ótima, e deve ser desfrutada tanto quanto seja possível, mas não é só essa. Os encontros, sobretudo aqueles que acontecem com potencial pra trazer à tona os seres amorosos que, por essência, já somos, evidenciam nossas belezas sem reservas, mas podem também turvar as águas de quando em quando. Uma hora costuma acontecer, coisas nossas, coisas alheias. Geralmente, chamamos isso de problema, mas um nome também adequado é oportunidade.

Quando acontece, a gente às vezes fica tão assustado que tenta se convencer por a mais b que os detritos são só do outro e as belezas são só nossas. Outras vezes, pode se afastar correndo da beira da praia e deixar o outro se virar sozinho com os resíduos todos, os dele e os nossos. Outras também, inábeis, estabanados, como costumam ser as pessoas que estão começando a aprender a amar, podemos só conseguir revolver os detritos e espalhá-los ainda mais, no afã de resgatar de qualquer jeito a transparência comprometida.

Talvez nesses momentos o gesto mais promissor e generoso possível seja, com toda a calma que soubermos, começar a sair do monólogo esquisito para dialogar a partir do coração. Talvez seja arriscar descobrirmos juntos o que está turvando a água antes que ela se torne mais poluída. E, se o sentimento compartilhado realmente for bacana e precioso para as duas vidas, quem sabe pedir uma para a outra com honestidade: “não desiste de mim.”
Ana Jácomo

domingo, 12 de junho de 2011

Sem utopias, por favor!

"O que a gente espera de um amor? Tudo. Que sejamos apoiados em todas as nossas decisões, que o sexo seja nada menos que exuberante, que jamais escutemos um não, que o humor se mantenha sempre elevado, que adivinhem nossos pensamentos (e não adivinhem quando eles puderem causar mágoa), que haja disposição para aceitar todos os convites, que nunca cansemos do rosto, da voz, do jeito do outro, que os dias passem leves e que sejam sempre como foram os primeiros, que o tédio jamais bata à porta, que não haja mal-entendidos, que não se economize nos beijos, que a vida cumpra o prometido: ser uma festa constante.
O que a gente espera de um amor soa a delírio, e por isso a frustração logo se instala. Não há como realizar nem metade do que idealizamos, e muito menos o tempo inteiro. Deveríamos esperar apenas uma coisa do amor, do nosso amor: o que ele puder nos oferecer.
Ele não vai topar ir a um concerto de música clássica, pois acha chatíssimo, e você então vai sozinha, e, sem pensar em revanche, aceitará dele um convite para assistir a um show de hip-hop numa casa noturna em que você jurou jamais colocar os pés, e de repente vai adorar o programa que terminará às 4h da manhã, horário em que você normalmente já está quase se levantando da cama para iniciar o dia.
Seu amor não vai oferecer beijos a todo instante, mas um dia acordará você com pétalas de rosa pelo chão do quarto e você não achará cafona, e sim brindará, com suco de laranja e croissants quentinhos, o fato de ainda ser surpreendida na idade em que está.
Ele não vai curtir a vida ao ar livre como você queria, se negará a montar num cavalo ou caminhar por uma trilha, lhe parecerá urbano demais, mas em contrapartida oferecerá um copo de vinho, um cafuné prolongado, um silêncio apaziguador que até parecerá coisa do campo, mesmo vocês estando no sofá da sala num prédio de 15 andares em meio a uma capital caótica.
Ele não vai conseguir realizar seu sonho de cruzar os Estados Unidos de carro, mas vai oferecer a você um passeio de barco por aqui perto, você que odeia barcos ou melhor, odiava. Ele não vai se vestir dentro dos padrões que você considera de bom gosto, mas vai impactá-la com uma originalidade à qual você não estava acostumada. Ele não vai dizer a frase certa na hora certa, e vai fazer você descobrir que não há frases erradas quando se fala com o coração. Ele não vai gostar do que você gosta, e você não vai gostar do que ele gosta, e a criatividade para descobrir prazeres em comum dará à relação um caráter insuspeitado. De um jeito mais simples, é possível amar aceitando o que é possível receber, sem sofrer pelo que foi sonhado em vão."

Martha Medeiros (arrasaa :)

Viva o agora com palavras

Pra "comemorar" o Dia dos Namorados, deixo pra vocês um lindo-lindíssimo- poema de Pedro Mamede!


Pontos, interrogações,
Vírgulas.
Não os coloque em nossa vida.

Vivamos sem aspas, sem reticências,
Viva o agora com palavras,
As mais belas que tiver.


Ofereço-te as minhas também,
Escreva o que quiser.
Arranque minhas vísceras como sempre,
Ou pense duas vezes,
E seja terno como sou.

Não te peço para que me sejas
Só te imploro para que me ames
Com as palavras que te amo
Sem pontuação
pois pontos deturpam o sentido
que eu quero dar a nós.


Pedro Mamede

P.S: Ah, um verdadeira declaração, não é? Meninos, aprendaaaaam! kkk
Palavras são muito mais do que rosas... Pelo menos pra mim!^^
bjinho (:

sábado, 11 de junho de 2011

Não pense duas vezes...

"A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser adimirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.
Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.
Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes. Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.
Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.
Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira. Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas.
O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas. O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.
Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância ,sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.
A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.
E então sorrio, como quem sabe,que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.
O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso? Não pense duas vezes..."
Padre fabio de Melo

Não tem como remar sozinha

"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também. Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena."

Remar.

Re-amar.

Amar.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Te-Tudo

Meu amor não cabe no papel,
Guardo-o sutilmente nos olhos;
Passagem para a alma.


Então, confiro a estes rabiscos,
Como príncipe de meu habitat natural,
Que chamamos de “nós”
O poder de reflexo do coração.


Assim, quando quiseres,
Ou quando eu lhe der tempo
Para que sintas saudades
Olhe pra cá, veja sua essência
E lá dentro, meu espírito,
Tudo que de mim é além corpo.



Estou dentro de ti, de nós
Te-Tudo


Auto-engano em vão


"Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do autoconhecimento, é inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso autoengano já não nos servem. Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam. É em vão. Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos. Existem portas que se desmancham após serem atravessadas, como sonhos que se dissolvem ao acordarmos. Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-las. Da estreiteza à expansão. Da semente à flor. Do casulo às asas, nos ensinam as borboletas."

Ana Jácomo

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo
.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Metade
Composição : Oswaldo Montenegro AMAAADO (:

domingo, 5 de junho de 2011

Que aqui se encerre

“Me paraliso na dúvida entre o passo a se dar, e o congelamento de ficar onde estou. Se arrisco, e não petisco? Se me dou, e, em mesma moeda, nada recebo? É essa confusão toda que corrói. Desconhecer até que se ponto a doação é ganha como dádiva, ou puro desperdício... Os nós aqui dentro se embaraçam e afirmam cada vez mais, e aquilo que poderia salvar quem sabe essa minha insegurança em ter tudo, e ao menos tempo, nada de palpável, concreto, tem se reafirmado. Claridade, peço. Diga o que quer, seja direto. Me ferir está fora de cogitação. Se não passar de mera brincadeira essas horas em que rimos e compartilhamos nosso melhor, que aqui se encerre. Fiquem os bons momentos fotografados na memória, antes que se desmanchem admiração e cumplicidade, essa infinidade de afeto que me veio, surpreendente, e cada vez mais tem se feito presente.Contudo, da única vez em que há diferenciação sincera no que sinto, mais do que sempre, desejo tanto que a realidade faça parte também do sonho.” Camila Paier

Comumente, temos medo de abandonar aquilo a que mais estamos apegados e aquilo que, principalmente, nos faz bem. Mas a decisão é sábia: é necessário abandonar quando já percebemos que tudo está se esvaindo e não está no caminho certo. Pois bem, decidir não mais acreditar que aquilo dará certo é difícil, complicado: mexe com nossos sentimentos. E até nos acostumarmos a não ter mais os pensamentos demora; padecemos, sofremos e às vezes até choramos.
Eu, como adolescente convicta de que finais felizes e “para sempre” não existem, sabia que ia chegar ao fim, mas não imaginava como... Não imaginava que EU fosse querer esquecer, que EU fosse querer colocar um fim. Infelizmente, não tive escolha: você nem ao menos deu! Ponto final: assim se encerra a história perplexa, em que de um lado estava ela, que o esperava fielmente; do outro lado, ele, nem se quer aparentava estar vivo, pelo menos pra ela.
Assim se esvaia toda a simplicidade e toda a emoção de construir um relacionamento perspicaz. Abandonar alguém especial, para mim, está fora de cogitação. Mas em alguns casos, faz-se necessário: quando a dor de não se ter reciprocidade aperta, percebe-se o quão isso é importante para os sentimentos fluírem. Mas não é surpresa que isso aconteça: engano-me fácil, e sempre. Porém, enquanto absorvo a melancolia provinda de tal situação, também amadureço um bocado. Você? Espero!
Nossa; como eu queria acreditar que tudo ia continuar, como que queria seguir em frente, mesmo com você “invisível”. Mas não dá, a gente sempre sabe quando chega a hora de deixar pra trás...
Talvez, para você, não tenha passado de mera brincadeira, mera distração. Para mim, nas mais fiéis palavras, houve abundancia e totalidade em sentimentos verdadeiros e cumplicidade.
Então, colocando-me em primeiro e devido lugar, para evitar mais transtornos e por ser tão sentimental: que aqui se encerre... Estava havendo desperdício de minha parte, enquanto da sua, absolutamente nada.
Porém, ainda sei :o futuro é sempre um mistério. Caso você regresse, posso regredir, mas com minhas profundas condições. Sem balelas, sem desculpas, só conformidade , realidade e amor, muito amor .

Escrito por mim em 25/05/2011. Achei legal e resolvi postar hoje! Beijitosss ^^
Inspiração provinda de textos da Camila Paier! P.s: Camila Paier escreve pra mim! Telepatia é foda! kkkkkkkk
( O que mais me dói nessa de abandonar é não saber mais chorar, não conseguir... Ultimamente estou tão seca, que nenhuma lágrima ardente jorra de meus olhos, nenhuma música de “ruedeira” consegue me deprimir. Não sei, não entendo, só sei que estou seca, só isso! )

Karoline Alves

Príncipe e tirania


"A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer." Mário Quintana

"Sem mais ilusões pro coração, com o ar cético que nunca me fez bem, foi depois de um surto de saudade momentâneo que conclui: o que vivi não passou de uma verdade inventada. Sem sentido, abstrata, ilusória.
Logo eu, que glorifiquei tantas e tantas vezes mentiras sinceras, que até me interessavam. Até me deparar com essa situação desvirtuada a qual me vi devota. Uma confusão onde eu desenhava por cima da imagem real castelos e príncipes encantados - me esquecendo que onde há reino, há rei. E onde há rei, pode haver muita tirania. Injustiça também.
Minha mágoa se compôs em querer tanto acreditar que o carrossel de emoções que ora subiam, e por vezes vinham à terra, era de carne e osso e existente, que consistia em algo que poderia perecer ao tempo e à distância, quando na verdade, não. Chegava mais perto, e mesmo escutando cada palavra bela do que compunha o punhado de fantasias indiciosas, me deixava embalar pelo som das palavras angelicalmente grotescas que saíam da sua mandíbula articulada para me enganar. Sem nem ao menos prestar atenção nos sinais de insegurança que emitias, em sua índole contrabandeada, ou em sua fisionomia tão condizente com o que até mim se norteava. Seus falsos argumentos, suas desculpas já gastas, de tão esfarrapadas. E eu pegava no colo, e protegia, com zelo e cuidado, até mesmo cada erro do que um dia se voltaria contra mim. Todos esses teus medos, tão injustificados.
Sentir falta de uma mentira não é se enganar; fica mais fácil de se encarar de frente o vazio deixado e a ferida provocada, para então perguntar: aonde é que toda aquela chama foi parar? Sem nunca obter respostas, caída tão dentro do que nem ao mesmo existiu, e confundir o efetivo com ledo engano. Me pergunto pra onde se bandearam todos aqueles sonhos, tão infantis, ou minha ideologias, tão furadas e batidas. Sumiram, morreram, travaram. Empacaram. Enquanto toda essa inocência inadaptável queria firmemente acreditar, construía motivos para crer, a lógica se esvaia; a esperteza pegava carona, e a cova dos sonhos se via cada vez mais funda. Nas desculpas esfarrapadas, visão embaralhada e assistia então a: motivos altamente convincentes. E a novela, de tanto suspense se alimentava, suas pernas curtas corria com rapidez, e inflava, cada vez mais. Até se tornar uma bolha de camada tão fina, e de cunho insuportável, que estourou. De novo então o ar natural respirável, algumas não tão belas verdades na mente, e sonhos em reconstrução provisória. Cair fora do que ficou em ser lenda, e não se viu nem ao menos sombra ou vestígio do que passou, é abandonar o vício, e caminhar com alívio. Fichas para um carrossel de emoções, reais e apaixonantes, agora sim. "
Camila Paier

P.S: CAMILA PAIER ESCREVE PRA MIM, GENTE, só pode! *-*

Identifico-me muito com os textos dela, lindoooos!!^^