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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aceito devolção



"E esse do Djavan? Tá fazendo o quê aqui? Fora "Linha do Equador", eu nem gosto de Djavan. Achar o cara charmosão não significa gostar das músicas a ponto de pedir um CD emprestado. Esses tênis com as meias amarrotadas dentro. Ficaram no meu caminho porquê? Exceto de mim, da minha pele assustadoramente sempre cálida, você não é exatamente uma corredora.

Essa marca registrada no vidro do meu box, de toda vez que você desembaçava com a mão em movimentos cilíndricos pra ver o que eu estava fazendo na pia, como sai? Que produto uso pra eliminar pistas suas? Rivotril, chumbinho, destilados? Em que momento, segundo, restaurante ou beijo em público você se sentiu à vontade pra estocar mini blusas no meu armário apertado?

Fica bom requentar esse café? Posso recolocar a mesa de centro na vertical? Mando também esses vestígios de xampu anti-friss? Depois de qual transa se sentiu livre pra deixar badulaques, anéis, grampos e brincos prateados no meu cinzeiro da sala? Minha camisa do "Let It Be" furada no sovaco esquerdo que você usava sempre pra dormir, faz questão?

Os farelos de biscoito integral que você consumia na solidão da minha cama enquanto eu trabalhava. É só sacudir? As tardes de romance que você passou sem roupa nos meus braços e as manhãs impróprias que te mastiguei, misturando meu tédio no teu sangue morno. Vai apagar quando? Quando você retornou das férias do universo? Que dia eu parei de chover hortelã em você?

Eu não vi passar o momento em que essa amizade colorida começou a transversar em paixão dolorida. Quando foi que você encontrou um lugar melhor que aqui pra largar tuas tralhas e teus anseios pelo chão? Em que fotos, varais e ombros estão estendidos agora teus planos adolescentes? Encaixoto tudo e mando pra onde? E você, volta quando? Também aceito devolução."

Gabito Nunes : SHOW!

domingo, 25 de setembro de 2011

Não quero perder nada




" ... Não vou dizer que é tudo mágico. Mas eu também não quero perder nada. Você vai argumentar com alguém com todos aqueles trejeitos engraçados e quero estar lá pra rir. Vai roçar com a ponta de todos os dedos a barba mal feita no gogó e eu quero estar lá pra implicar. Eu quero protestar quando seus pratos não seguem a receita que achei na internet. Tem sempre um filme na tevê que ainda não passou.

Não sei se é apego ou porque minha vontade de saber o que você vai me aprontar amanhã nunca cessa. Tem sempre algo que a gente sonhou fazer juntos e não quer deixar inacabado. Ninguém tira meia fotografia, ninguém viaja até a metade do caminho, não fica bem sair no meio de uma peça de teatro, ninguém telefona por meia pizza. Um trabalho não finalizado não é um trabalho.

Vai ter sempre algo. Uma roupa pra buscar, uma festa de aniversário de algum amigo em comum, um truque novo na cama, um episódio de estreia daqueles seriados que você me ensinou gostar, a doença da sua mãe. Essas pequenas coisas. De algo em algo, a gente vai levando.

As coisas que acabei de dizer, leve em consideração só até a meia-noite. Eu sempre tento virar a página sem grifar as partes importantes com alguma caneta de cor alarmante. Mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase."
Gabito Nunes

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A louca aqui de dentro




Apenas depois no caminho ensolarado de volta é que peno: que dizer agora, depois do drama todo? Que fazer então, depois de cruzar o shopping de ponta a ponta e não encontrar uma mísera sapatilha preta em couro e no meu numero? Quinze minutos no cinema, choro escaldando a maquiagem, ligações para amigas. A louca me tomou conta por minutos inconsequentes que deveriam ser de aconchego. Culpa, remorso, cuidado; que fique essa faceta descontrolada longe de mim, meu deus. 
Acontece quando seleciono "remoer" ou "relevar" ao invés de simplesmente "falar e ser direta aos poucos". Ou libertar, aos pouquinhos, essa minha mania em opinar deliberadamente no que quer que seja. Incansável, lá vai a louca que aqui dentro desperta ocasionalmente de todas as maneiras possíveis tentar expurgar a colheita vagarosa de resguardos, silêncios e maus-entendidos que engole de vez em quando, afim de parecer correta, decente, forte ou decidida. Incontrolável, deixa escapar um pouquinho - quem sabe no suor, pela saliva da fala, por meio da aura explanada - em cada gesto impensado, pergunta direta ou movimento fora do ritmo habitual e acomodado a que a vida (normal) deve seguir. Entre ser irônica, dramática ou obsessiva, acabo mesmo é - por minutos, segundos ou, no máximo, horas - enlouquecendo.
Insaciável, se entope das mais inexplicáveis neuras, dos mais desconexos pensamentos que vibram uma vez que outra sem aviso prévio ou recomendação. Insana, aparece quando menos deveria. Me atinge quando fraca de mim mesma, submersa em baixa autoestima e dias ruins seguidos um do outro. Nem camisa de força ou remédio tarja preta adormece essa terrorista por tempo suficiente. Vive nesse largo espacinho entre ser banal e tentar ser blasé, para sobreviver dentro da crueldade que a sociedade pede. Sem medo de altura, brinca de atirar do mais alto prédio da cidade meu denso e carregado coração, só para me ver aflita e medrosa, tamanha agonia. Minha parte alienada deseja companhia e pelos tremores dos órgãos, pelo frio na barriga, nota que feliz sou eu quando consigo ser tranquila: rodeada de gente que me gosta. Daí começa a plantar uma sementinha de que não, não pode estar tudo tão bem. Capaz que o curso dos acontecimentos seria assim, tão fantástico. Tem algo errado, e caso não fareje, ela o faz. Tá tudo uma droga de repente, porque comecei a notar coisas que nem existem e brotaram na minha cabeça - culpa da desvairada, saibam vocês.
Então, sentenciada, foge. Fico eu - comigo mesma - e um arrependimento em ser impulsiva no colo, pesado e inerte. Estática sob os escombros, repensando fatos e revisando falas para saber como começar a correção que a insensata fez, antes de se esconder novamente aqui dentro, perdida e pequenininha. Aguardando até que infle e me fuja do controle, para uma próxima vez deixar que jorre o rio de lágrimas de cada TPM (as duas se adoram, é incrível) ou a fúria tenaz de, teimosa, dar cabeças que mais tarde não adiantarão de nada. Nem mesmo eu que quando calma tenho sido um doce suporto tanta acidez inconsequente. Maior prova de amor do mundo: sobreviver em meio ao caos de quando eu desatino. Que bom que tem quem passe no teste.

Camila Paier
P.S: Definitivamente, essa guria escreve pra mim! Minhas amigas, com certeza, irão concordar kkkk

X O X O e BAZZINGAAAAAAAA

sábado, 10 de setembro de 2011

Namorado?



Perguntaram pra mim: "Por que eu não tenho namorado? Algo em mim repele os homens? Sou uma mulher embargada? Há uma placa de 'proibido estacionar' em minhas costas? Me diga!". Olha, eu não sei por que não tem namorado. Honestamente.

Poxa, come batata frita, torta de limão, churrasco e trufa de leite condensado. Ok, a alcunha de magricela, cabo de vassoura ou Olívia Palito nunca lhe serviram, talvez. Urros sobre sua suposta suculência não têm advindo de prédios em construção, quiçá. Quem sabe não fica bem de "tomara-que-caia", tropica no salto agulha, não combina numa minissaia. Mas desbanca a miss Venezuela num vestido primaveril, pisando numa rasteirinha prateada, com o cabelo preso naquele lápis cor-de-rosa, soprando a franja pra cima no calor. Não vai me acreditar, mas tu é bonita.

Tu passa longe de uma Fernanda Young, uma Lya Luft, uma Sandra Werneck. Mas tu é inteligente à sua maneira. Assiste novela, mas não comenta a vida dos personagens. Gosta da Clarice, da Cecília, da Martha. Curte o Tom, a Adriana, o Nando, a Zizi, o Cazuza. Trabalha, suspira, trabalha, checa as unhas, trabalha, sonha, trabalha, belisca uma água-e-sal, trabalha e um colega te olha. E te acha bonita idem. E também se intriga com tua solteirice.

Tem princípios iguais os da mãe. Mas se acha careta, às vezes. Não cede, mesmo só. Adora sexo, embora não faça com a mesma frequência do desejo. Se faz não vibra na mesma frequência que o parceiro. Sente raiva por ser secretamente boba, romântica e demodê. Se derrete mais rápido que o sorvete napolitano na xícara de sopão quando a mocinha diz "você me fez acordar com um sorrisão no meu rosto". Chora na frente de ninguém, ai de ti se mais alguém souber. E você não vê a hora de um príncipe encantado por ti libertar esse riso largo atrofiado, mas sabidamente bonito.

Tem suas esquisitices. Dorme de edredon e ventilador. Coleciona esmaltes. Cerra as pernas quando sentada e fica coçando o joelho com uma das mãos enquanto a outra segura a cabeça pelo queixo. Ensaia dança do ventre pro espelho do banheiro. Faz duas vezes antes de pensar e tem uns "nhe-nhe-nhê" de mulherzinha. Mas qual não tem? É até bem charmoso. Nada tão relevante quanto sua forma meiga e carinhosa de perguntar "tu tá bem?". Nada mais importante que teu ímpeto de cuidar dos outros. Nada que mude minha convicção de que tu é bonita.

O que te falta? Falta tu mesma se convencer do que te falo com certeza. Tu merece alguém que abra os olhos diariamente e pense: "cara, eu tô com ela, eu sou o namorado dela!". Que goste da tua boca, do teu ombro, do teu cabelo bagunçado, do teu calcanhar, da tua cintura, das tuas mãos, do cheiro da tua pele, das sardas do teu rosto. E isso vai acontecer naturalmente ao você se dar conta de que tu é bonita, no âmago e na lata. Eu acho, teu ginecologista também, o colega de trabalho assina embaixo. Um dia serás o amor da vida de alguém, do jeitinho que tu é. Falta tu. Acorde hoje e repita: "eu sou bonita".

Gabito Nunes

Postagem pras queridíssimas que visitam o blog e que se perguntam isso também: Namorado? Gente, para tudo é! Vai encucar com isso não hein: Somos lindas, isso é o que importa! kkkkkkk