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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Adeus

- Não é que eu queira ir embora, mas já não consigo ficar.
- Eu preciso que tu fiques. Eu...
- Não. Não precisa. Coisas simples teriam bastado pra que eu ficasse, mas nada foi feito e não bastou.
- E se eu te disser tudo que tenho calado? Todas as palavras que esqueci de enviar? E se eu te disser que não posso presenciar o destino, ou o que quer que seja, falhar novamente?
- E se tu disseres as palavras que eu sempre quis escutar, vou dizer que as falaste tardiamente. Teus intentos serão compostos de esforços inúteis, porque já não preciso ouvir. E inutilidade maior que a de um monólogo não há.
- Lembra de quando eu te perguntei se teria que lutar sozinho para que tu ficasses? Luto de novo. Conserto, reparo, reinvento. Demorei, mas voltei. Me deixa tentar?
- Te deixo. Tô te deixando pela primeira vez, mas é a segunda que tu me perdes.
- Tu disseste que seríamos pra sempre. Eu te marquei em mim. Tu estás pronta pra ir, eu sei, mas pra mim isso não é o fim.
- Eu te marquei em mim também. Mas não na pele, além e mais irreversivelmente. Não sei onde começou isso que me nego a chamar de adeus, mas se parece muito com um. Tampouco sei se vai continuar. Mas das raízes que fomos um dia já não florescem belezas, não há quem regue.
- Nossa eternidade não pode se reduzir a um par de anos. Imaginei um "pra sempre" amplo, vasto... Eterno. Mas tu pareces preferir assistir a nossa morte à tentar ressurreição.
- O que aconteceu foi que pulamos de um trampolim rumo à direções opostas e esse abismo é insustentável. Nos creía maiores, melhores, sagrados. E essa pequenez tem me nocauteado.
- Sei que falhei, sei que faltei. Mas ainda te guardo em mim. Não quero me tornar uma lembrança póstuma, não tô pronto pra ser enterrado. É uma agressão contra o que somos e sempre fomos.
- Não quero ter que presenciar outra ausência ainda mais ausente. Cansei. E a dimensão do meu cansaço é maior do que o teu entendimento admite. Dói, confesso. Mas já doeu mais e cedo já não doerá.
- Eu não vou te pedir nada, mas, se acaso tu perguntares: por ti não há o que eu não faça. Eu vou guardar inteira em mim essa casa que tu queres mandar pelos ares. Vou reconstruí-la em todos os detalhes intactos e implacáveis. Como um dia tu cantaste pra mim.
- Eu guardo em mim. Vou sempre guardar. Mas nossa exatidão não combina e nossos ponteiros se desencontram sempre, não tô mais disposta a esperar. E pode ser que realmente sejamos pra sempre, é só que hoje não tenho motivos pra acreditar.

Texto de Amanda Arrais no blog 404aa 
PERFEITO! *-*

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